quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Nábia




Normalmente considerada como uma Deidade fluvial, fruto da etimologia que faz derivar este teónimo da raiz indo-europeia, que traduz a ideia de algo que escorre, desliza, flui. O facto de o seu nome surgir em inscrições localizadas nos cimos dos montes, longe de rios, leva a que seja posta em dúvida o seu carácter aquático. Poderia, mesmo assim, estar relacionada com a ideia de humidade, em geral!


Ara de Marecos
A inscrição da ara de Marecos apresenta-a como uma Divindade que pode ser considerada de primeira função.

                                                   O .V . C. O . ETNIM DANIGOM
                                                   M . NABI AE . CORO NAE . VA
                                                   CCA BO VEM NABI AE .AGNV
                                                       IOVI AGNVM B OVE . LA
                                                   CT... VRGO AGNV LIDAE COR
                                               ANN ET D OM ACTVM V ID APR LA
                                              RGO ET ME SALLINO COS CVRATOR
                                             LVCRETIO VITVLLINO LVC RETIO SAB
                                                     INO POST VMO PEREGR INO

Traduz-se como:
"À Excelente Virgem Protectora e Ninfa dos Danigos NABIA CORONA uma vaca um boi
A NABIA um cordeiro
A IUPITER um cordeiro um vitelo
A ...URGUS um cordeiro
A ...DA uma cornuda
Procederam-se aos sacrifícios para ao ano e no santuário no quinto dia dos idos de Abril sob os cônsules Largus e Messalinus sendo ordenantes Lucretius Vitalinus, Lucretius Sabinus, Postumius Peregrinus"


Esta é uma das inscrições nas quais se pode observar o rito indo-europeu do suovetaurilia - Su, suíno, Ove, ovino, Taur, taurino: sacrifício triplo de um suíno, um ovino e um bovino a três Deidades representativas das três funções indo-europeias, que são, respectivamente e por ordem crescente na hierarquia:
- a Fertilidade;
- a Guerra;
- a Espiritualidade propriamente dita (Sabedoria, Magia e Justiça).

Ao que parece, NABIA CORONA representa neste sacrifício a primeira função indo-europeia, uma vez que os animais que se lhe oferecem são bovinos; os adjectivos que lhe são aplicados – como «Excelente», que é «Optimus», associado no ritual romano a JÚPITER – e o facto de aparecer à cabeça do texto contribuem para que se torne sólida a possibilidade de NABIA CORONA ser uma Deidade da Soberania.
O epíteto CORONA pode significar Coroada, o que se coaduna bem com uma Deidade Soberana, ou pode por outro lado relacionar-se com o teónimo CORONUS.
CORONUS, a quem é consagrado um voto registado numa epígrafe de Serzedelo, Guimarães, onde teria existido uma cidade de nome Pedrauca, pode ser ou um Deus do Trovão, segundo a etimologia que deriva este teónimo do Celta Bretão Curun, ou então um Deus Guerreiro inspirador das hordas de combatentes, isto com base na etimologia.


De qualquer modo, não pode deixar de causar alguma perplexidade o facto de parecerem existir aqui duas NABIAS, uma da primeira função, outra da segunda, já que uma delas, a que tem o epíteto de CORONA, recebe uma vaca e um boi, enquanto à outra, sem epíteto, é-lhe oferecido um ovino, vítima normalmente ofertada às Deidades da segunda função indo-europeia. Podemos, por isso, pôr a hipótese de NABIA ser como BAND, mais um tipo de Entidade do que uma Entidade particular propriamente dita. Assim, se explicaria a designação de Ninfa aplicada a esta potência, talvez como noutros casos se aplica o termo Deus a certos Numes paleo-hispânicos.
Entretanto, a propósito desta última hipótese apresentada, Nava parece ser o termo que os Eslavos pagãos aplicam ao mundo dos Deuses e das almas.

O urso poderia ser um dos símbolos de Nábia, representando a realeza.

Fontes: Wikipédia

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