segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Iberos





Os Iberos eram um povo pré-histórico que vivia no Sul e no Este do território que mais tarde tomou o nome de Península Ibérica.

As ondas de emigração de povos Celtas que desde o século VIII até ao século VI AC entraram em massa no noroeste e zona centro da actual Espanha, penetraram também em Portugal e na Galiza, mas deixaram intactos os povos indígenas da Idade do Bronze Ibérica no Sul e Este da península.

Os geógrafos gregos deram o nome de Ibéria, provavelmente derivado do rio Ebro (Iberus), a todas as tribos instaladas na costa sueste, mas que no tempo do historiador grego Herodotus (500 AC), é aplicado a todos os povos entre os rios Ebro e Huelva, que estavam provavelmente ligados linguisticamente e cuja cultura era distinta dos povos do Norte e do Oeste.

Havia no entanto áreas intermédias entre os povos Celtas e Iberos, como as tribus Celtiberas do noroeste da Meseta Central, na Catalunha e Aragão. Das tribos Iberas mencionadas pelos autores clássicos, os Bastetanos eram territorialmente os mais importantes e ocupavam a região de Almeria e as zonas montanhosas da região de Granada.

As tribos a Oeste dos Bastetanos eram usualmente agrupadas como "Tartessos", derivado de Tartéssia que era o nome que os gregos davam à região. Os Turdetanos do vale do rio Guadalquivir eram os mais poderosos deste grupo. Culturalmente as tribos do noroeste e da costa valenciana eram fortemente influenciadas pelas colónias gregas de Emporium (a moderna Ampúrias) e na região de Alicante a influência era das colónias fenícias de Malaca (Málaga), Sexi (Almuñeca), e Abdera (Adra), que passaram depois para os cartagineses.


 Na costa Este, as tribos Iberas parecem ter estado agrupadas em cidades-estado independentes. No sul houve monarquias, e o tesouro de El Carambolo, perto de Sevilha, parece ter estado na origem da lenda de Tartessos. Em santuários religiosos encontraram-se estatuetas de bronze e terra-cota, especialmente nas regiões montanhosas. Há uma grande variedade de cerâmica de distintos estilos ibéricos Foi encontrada cerâmica ibérica no sul da França, Sardenha, Sicília, África e eram frequentes as importações gregas. A esplêndida Dama de Elche, um busto com características que mostram forte influência clássica grega.

A economia Ibérica tinha uma agricultura rica, forte exploração mineira e uma metalurgia desenvolvida. A língua Ibérica era uma língua não Indo-Europeia, e continuou a ser falada durante a ocupação romana. Ao longo da costa Este utilizou-se uma escrita Ibérica, um sistema de 28 sílabas e caracteres alfabéticos, alguns derivados dos sistemas fenício e grego, mas de origem desconhecida. Ainda sobrevivem muitas inscrições dessa escrita, mas poucas palavras são compreendidas, excepto alguns nomes de locais e cidades do século III A.C., encontradas em moedas.

Os Iberos conservaram a sua escrita durante a conquista romana, quando se começou a utilizar o alfabeto latino. Ainda que inicialmente se pensou que a língua Vasca era descendente do Ibero, hoje considera-se que eram línguas separadas.

Os Cónios


Os cónios (do latim, Conii), também denominados cinetes, foram os habitantes das actuais regiões do Algarve e Baixo Alentejo, no sul de Portugal, em data anterior ao séc. VIII a.C., até serem integrados na Província Romana da Lusitânia. Inicialmente foram aliados dos Romanos quando estes últimos pretendiam dominar a Península Ibérica.

Origem

A origem étnica dos cónios permanece uma incógnita. Para os defensores das teorias linguísticas actualmente aceites, a origem comum na Anatólia ou no Cáucaso das línguas europeias e indianas: ou seja, línguas indo-europeias, os cónios teriam origem celta, proto-celta, ou pré-céltica ibérica.
Essas teorias, relativamente recentes, foram aceites com facilidade, em grande parte por aqueles que rejeitavam qualquer ligação dos europeus a África.
Antes da teoria da origem caucasiana, muitos europeus julgavam-se descendentes de Jafé, conforme escrito na Bíblia, no livro de Génesis 10:5. Cronistas da antiguidade greco-romana enumeram mais de 40 tribos ibéricas, entre elas a tribo cónia, como sendo descendentes de Jafé, pai dos europeus.

 

História

Os cónios aparecem pela primeira vez na história pela mão do historiador grego Heródoto no séc. V a.c., e mais tarde referidos por Rufo Avieno, na sua obra Ode Maritima, como vizinhos dos cempsios ao sul do rio Tejo e dos sefes a norte.
Antes do sec. VIII a.C., a zona de influência cónia, segundo estudo de caracterização paleo-etnológico da região, abrangeria muito para além do sul de Portugal. Com efeito, o referido estudo baseando-se em textos da antiguidade grego-romana bem como na toponímia de Coimbra del Barranco, em Múrcia, Espanha, e de Conímbriga, propõe que os cónios ocuparam uma região desde o centro de Portugal até ao Algarve e todo o sul de Espanha até Múrcia. Em abono desta tese podemos acrescentar o Alto de Cónio, e o pico de Cónio no munícipio de Ronda, na região autónoma da Andaluzia.
Segundo Schulten, que considera os cónios uma das tribos Lígures e afirmou que «Os Lígures são o povo original da Península», os cónios também teriam marcado presença, não só em Portugal como em Espanha e na Europa, onde os lígures se fixaram. Confirmando esta teoria temos os seguintes topónimos:


- No norte de Espanha, encontramos no desfiladeiro, a passagem Puerto de Conio ou alto de Conio na região autónoma das Astúrias, onde terão habitado a tribo dos coniscos, descendentes dos construtores do dolmen de Pradías, de época neolítica, para muitos relacionada com os cónios. Nesta região terá existido uma cidade, a actualmente desconhecida Asseconia, incluída num dos Caminhos de Santiago. Também, estudos genéticos indicam que os bascos são o povo mais antigo da península e poderão estar relacionados com os cónios através da tribo dos vascones.


 - Em França, os lígures também terão sido "empurrados" para as regiões montanhosas. Mas, em vez da Ronda espanhola ocuparam a região do Ródano-Alpes. O testemunho da presença lígure poderá ser a tribo iconii, conhecidos pelas tribos vizinhas como os Oingt, originando a localidade de Oingt (Iconium em latim) e a região de Oisans. 

 - No norte de Itália, junto ao Ródano italiano a marca da presença lígure dos cónios, para além da Ligúria também nos aparece, um pouco mais a norte, não só nas comunas Coniolo e Cónio, como na província com o mesmo nome, na província de Cónio, da região de Piemonte.

Para outros investigadores que terão ido mais longe, os povos “Ibéricos” além de possuírem a Península Ibérica, França, Itália e as Ilhas Britânicas, penetram na península dos Balcãs. Ocuparam uma parte de África, Córsega e norte da Sardenha. Actualmente e à luz de recentes estudos genéticos, aceita-se que uma raça com características razoavelmente uniformes ocupou o sul de França (ou pelo menos a Aquitânia), toda a Península Ibérica e uma parte de África do Norte e da Córsega. Os topónimos a seguir enumerados também atestam estes dados:

 - Nas Ilhas Britânicas o assentamento fortificado romano Viroconium, atribuido à tribo cornovii, proveniente da Cornualha. Provavelmente, utilizados pelos romanos como tribo tampão contra os ataques escoceses e incursões irlandesas.

 - Muitos autores concordam que a língua cónia teria um substrato muito antigo relacionado com Osco, Latim e Ilírico.

 - No Chipre encontramos uma localidade com o topónimo Konia.

 - Nos Balcãs encontramos a tribo dos trácios cicones que poderão estar relacionados com os cónios e com os povos que invadiram a Anatólia, no sec. XII a.C. e posteriormente fundaram as cidades de Conni, na Frígia e de Iconium, na Anatólia.

Escrita

No Baixo Alentejo e Algarve foram descobertos vários vestígios arqueológicos que testemunham a existência de uma civilização detentora de escrita, adoptada antes da chegada dos fenícios, e que se teria desenvolvido entre o século VIII e o V a.C.. A escrita que está presente nas lápides sepulcrais desta civilização e nas moedas de Salatia (Alcácer do Sal) e é datável na Primeira idade do Ferro, surgiu no sul de Portugal, estendendo-se até à zona de fronteira.
As estelas mais antigas recuam até ao século VII a.C. e as mais recentes pertencem ao século IV. O período áureo desta civilização coincidiu com o florescimento do reino de Tartessos, algo a que não deverá ser alheio à intensa relação comercial e cultural existente entre os dois povos e que se julgava ser distinta da dos cónios. Daí a razão para que a denominação desta escrita comum não ser nem tartéssica nem cónia mas antes escrita do sudoeste, referindo a região dos achados epigráficos e não à cultura dos povos que as gravaram.
Não é consensual a designação da primeira escrita na península ibérica. Para muitos historiadores é a escrita do sudoeste (SO) ou sud-lusitana. Já os linguistas, utilizam as designações de escrita tartéssica ou turdetana. Outros concordam com a designação de escrita cónia, por não estar limitada geograficamente, mas relacionada com o povo e a cultura que criou essa escrita. E, segundo Leite de Vascocelos com os nomes konii e Konni , que aparecem inscritos em várias estelas.
A posição destes estudiosos deve-se à concordância das teorias-hipóteses históricas e modelos linguísticos actualmente aceites nos meios científicos. Estas posições baseiam-se em evidências linguísticas. Só que até à data não foram encontrados dados arqueológicos evidentes, daí que investigadores duvidem da existência dos cónios, outros negam a existência de celtas na península apesar das fontes antigas e das evidências arqueológicas.

Cidade Principal

A cidade principal do país dos cónios era Conistorgis, que em língua cónia, significaria "Cidade Real", de acordo com Estrabão, que considerava a região celta. Foi destruída pelos lusitanos, por estes terem-se aliado aos romanos durante a conquista romana da Península Ibérica. A localização exacta desta cidade ainda não foi descoberta. No entanto, em Beja, existem vestígios do que poderá ter sido uma grande cidade pré-romana. São muitos os autores que admitem a possibilidade de Beja ter sido fundada sobre as ruínas da famosa Conistorgis.

Religião

Aparentemente, antes da chegada dos romanos, os cónios eram monoteístas. O deus dos Cónios era Elohim, segundo uma estela que se encontra presentemente no Museu de Évora.
O Sudoeste na Idade do Ferro, desde o séc. VI a.C., apresenta um complexo de influências religiosas tartéssicas, gaditanas (bastante helenizadas) e célticas ou pré-célticas, correspondente a uma zona de grandes interacções culturais e movimentos de populações.

Fontes: Wikipédia.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Nábia




Normalmente considerada como uma Deidade fluvial, fruto da etimologia que faz derivar este teónimo da raiz indo-europeia, que traduz a ideia de algo que escorre, desliza, flui. O facto de o seu nome surgir em inscrições localizadas nos cimos dos montes, longe de rios, leva a que seja posta em dúvida o seu carácter aquático. Poderia, mesmo assim, estar relacionada com a ideia de humidade, em geral!


Ara de Marecos
A inscrição da ara de Marecos apresenta-a como uma Divindade que pode ser considerada de primeira função.

                                                   O .V . C. O . ETNIM DANIGOM
                                                   M . NABI AE . CORO NAE . VA
                                                   CCA BO VEM NABI AE .AGNV
                                                       IOVI AGNVM B OVE . LA
                                                   CT... VRGO AGNV LIDAE COR
                                               ANN ET D OM ACTVM V ID APR LA
                                              RGO ET ME SALLINO COS CVRATOR
                                             LVCRETIO VITVLLINO LVC RETIO SAB
                                                     INO POST VMO PEREGR INO

Traduz-se como:
"À Excelente Virgem Protectora e Ninfa dos Danigos NABIA CORONA uma vaca um boi
A NABIA um cordeiro
A IUPITER um cordeiro um vitelo
A ...URGUS um cordeiro
A ...DA uma cornuda
Procederam-se aos sacrifícios para ao ano e no santuário no quinto dia dos idos de Abril sob os cônsules Largus e Messalinus sendo ordenantes Lucretius Vitalinus, Lucretius Sabinus, Postumius Peregrinus"


Esta é uma das inscrições nas quais se pode observar o rito indo-europeu do suovetaurilia - Su, suíno, Ove, ovino, Taur, taurino: sacrifício triplo de um suíno, um ovino e um bovino a três Deidades representativas das três funções indo-europeias, que são, respectivamente e por ordem crescente na hierarquia:
- a Fertilidade;
- a Guerra;
- a Espiritualidade propriamente dita (Sabedoria, Magia e Justiça).

Ao que parece, NABIA CORONA representa neste sacrifício a primeira função indo-europeia, uma vez que os animais que se lhe oferecem são bovinos; os adjectivos que lhe são aplicados – como «Excelente», que é «Optimus», associado no ritual romano a JÚPITER – e o facto de aparecer à cabeça do texto contribuem para que se torne sólida a possibilidade de NABIA CORONA ser uma Deidade da Soberania.
O epíteto CORONA pode significar Coroada, o que se coaduna bem com uma Deidade Soberana, ou pode por outro lado relacionar-se com o teónimo CORONUS.
CORONUS, a quem é consagrado um voto registado numa epígrafe de Serzedelo, Guimarães, onde teria existido uma cidade de nome Pedrauca, pode ser ou um Deus do Trovão, segundo a etimologia que deriva este teónimo do Celta Bretão Curun, ou então um Deus Guerreiro inspirador das hordas de combatentes, isto com base na etimologia.


De qualquer modo, não pode deixar de causar alguma perplexidade o facto de parecerem existir aqui duas NABIAS, uma da primeira função, outra da segunda, já que uma delas, a que tem o epíteto de CORONA, recebe uma vaca e um boi, enquanto à outra, sem epíteto, é-lhe oferecido um ovino, vítima normalmente ofertada às Deidades da segunda função indo-europeia. Podemos, por isso, pôr a hipótese de NABIA ser como BAND, mais um tipo de Entidade do que uma Entidade particular propriamente dita. Assim, se explicaria a designação de Ninfa aplicada a esta potência, talvez como noutros casos se aplica o termo Deus a certos Numes paleo-hispânicos.
Entretanto, a propósito desta última hipótese apresentada, Nava parece ser o termo que os Eslavos pagãos aplicam ao mundo dos Deuses e das almas.

O urso poderia ser um dos símbolos de Nábia, representando a realeza.

Fontes: Wikipédia